terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Meus alunos e amigos do Patrícia Costa!

             

Colégio Patrícia Costa


Aos 6º e 7º Anos D


Esse texto deveria ter sido escrito há muito tempo. Confesso que além do tempo que ficou apertado, me deparei com uma falta de inspiração de traduzir meus sentimentos num texto. Começo, desde já, agradecendo a todos pelas demonstrações de carinho que tiveram comigo, quando me encontravam. Saibam que sinto muita falta de todos os momentos que vivemos. Primeiro foi as turmas da tarde do Patrícia Costa. O 6º Ano D e 7º Ano D serão sempre guardados com muito carinho. Com vocês eu volto a ser uma criança (talvez eu nunca deixei de ser). Adorava a tiração de onda do 7º Ano D ao me chamar de Superman quando ia escrever no quadro, por colocar a mão na cintura como forma de apoio. Foi muito bom perceber o crescimento de vocês. Nos jogos, vi que vocês estão crescendo depressa. E o que falar dos alunos do 6º Anos. Eu soube que vocês fizeram vídeos, cartazes e homenagens para mim. O estranho é que ninguém me avisou sobre a existência dessas lembranças. Se nunca fui pegar é porque ninguém nunca comentou nada a respeito comigo. Adorei demais trabalhar com vocês. São muito especiais. Levarei suas travessuras comigo. No caso específico de vocês, tive como me despedir. E saibam que ninguém rouba o lugar de outra pessoa. Nair é minha amiga e professora muito competente. Vocês estão em boas mãos. Qualquer quinta-feira dessas apareço para jogar futebol com vocês. Vocês lembram como eu ficava suado. Era complicado dar aula depois de jogar futebol. Prometo também jogar alguma vez do lado dos meninos do 7º Ano D. Se não eles não ganham uma! Kkk. Brincadeirinha! A vocês muito obrigado. Sinto saudade de todos e todos são especiais. Não cabe aqui fazer referência a um ou a outro. Eu posso acabar esquecendo de alguém e isso não seria legal. Um beijo bem grande do professor-superman-jogador Carlos.


Aos 7º B e C; 8º e 9º Anos
               

           É principalmente para essas turmas que faço esse texto. Para vocês não tive oportunidade de me despedir. Tinha preparado, até certo ponto, os 9ºs, que algo poderia ocorrer após as férias. Ainda sim, não deu para organizar o horário. Agradeço demais a Rodrigo e a disposição de alguns amigos professores que se mostraram solícitos em resolver essas pendências. Mas, infelizmente não deu. Eu sou uma pessoa que faço tudo que tenho de fazer, digo o que quero, pensando no medo de não ter oportunidade mais de dizer as pessoas o quanto sou grato a elas. E com vocês foi assim. Eu levo uma mágoa no fundo do peito por ter deixado vocês pela porta dos fundos. Sair sem agradecê-los. Sair no meio do ano. Estava toda semana na escola (às terças e quintas), noto que alguns de vocês não conseguiram aceitar a forma que foi e sinto que pensam que foi falta de consideração minha. Mas não foi. A minha vontade é atrapalhar as aulas de todos os professores na terça e dar um abraço bem forte em todos vocês. Mas não me sinto com tanto espaço para isso. Adorei demais trabalhar com vocês. Desde os 7º Anos até os 9º, com estes últimos estava desde quando eram 6º Anos. Nossas aulas eram fantásticas. Com vocês eu era o que gostava de ser. Um doido! Sentia-me a vontade. Nem sempre estávamos rindo. Tinha também os momentos de bronca. Carrego na lembrança a imagem de vocês cabisbaixos escutando o sermão. E vocês sempre me escutaram. (Exceto alguns que não queriam estudar kkk). Queria poder dizer, na nossa aula, um muito obrigado. Infelizmente não tive como. Daí, achei por bem colocar aqui no blog. E espero que todos vejam. Fico feliz quando alguns de vocês me dizem que o professor que ficou em meu lugar é bom. Conheço muito pouco Josemar. Nem foi dado tempo sequer para passar o trabalho para ele. Torço por ele também. No mais me despeço, lembrando das aulas de História da Arte com o 7º B. Ei professor? Que horas são? Kkk. Do 7º C e as tentativas de gols do Santa Cruz, com bolinhas de papel chutadas no lixeiro e as risadas de todos.  Com os 8ºs, carrego na lembrança o que passamos. Existia uma individualidade em cada uma das turmas que era muito legal. O 8º A era uma turma muito tranqüila, exceto quando Kelvin, David, Luan ou Luiz Vitor não faziam ou diziam algo para tirar a turma de sua seriedade. Do 8º B eu lembro com carinho imenso quando cantava uma música envolvendo todos os nomes dos alunos que estavam na sala. Era fantástico ver o sorriso de satisfação de vocês. O 8º C era o bicho mesmo. Parece que resolveram escolher a dedo os artistas dessa sala. Tinha Luciano Huck, Odeio esse menino, Doquinha, My Cat, My Bus, Senhor Omar, Robinho, Justin, Scooby, etc. Além do CABEÇA da equipe Marcello. Tem ainda o famoso Léo, o pai dele tem um circo = Circo de Seu Léo, deve ser uma referência ao Circ du Soleil, Giulia (kkk) e o menino que tinha, mais ninguém via, óculos, Yohann. As pessoas dos 9º saibam que fico extremamente lisonjeado quando vocês fazem a maior festa quando me vêem. Sinto muita saudade de nossas aulas. Com vocês estava junto desde quando eram crianças, lá nos 6º. Foi muito prazeroso ver vocês crescerem. Guardo na retina a última aula, quando fui falar a vocês que talvez seria o fim de nossa relação de professor-alunos. Poderia mencionar o nome de todos, mas poderia esquecer alguém e isso não seria legal. Mesmo após os 5 meses que não estamos mais numa sala de aula, saibam que o carinho resiste. Tanto é prova que esse texto seve para isso. Estudem e nunca se esqueçam de viver. Divirtam-se, aproveitem cada segundo do dia. A partir de agora vocês irão para o Médio e serão cobrados o tempo inteiro. Portanto, procurem aproveitar cada minuto, pois o tempo voa. Não percam a ternura. Torço para que façam, já a partir do próximo ano, um ótimo vestibular. Mas se por um acaso vocês não conseguirem passar no vestibular, tirem 10 na disciplina da vida. Aqui fica um torcedor do sucesso de vocês. Um beijo bem grande a todos do Fundamental II.


Ensino Médio
                

             Inicialmente, esse texto iria ser apenas para os 3º Anos. Na minha aula da saudade, onde apareceram poucas e especiais pessoas, não tive tempo de dizer a todos um muito obrigado. Daí iria aproveitar para fazer alguma referência no blog e deixar a melhor parte para a aula da saudade. Já tínhamos praticamente acertado como seria. Algumas premiações, entre elas o super-tabacudo do ano ou mesmo o Mané gostoso* (*Caquinha, meu voto seria seu kkk) Carla até me pediu para preparar um texto. Estava imaginando como seria. Porém, hoje, no fim da manhã, soube de uma notícia que me deixou relativamente surpreso. Confesso que no fundo eu sabia. Se vocês olharem posts anteriores desse blog suspeitarão que uma demissão era inerente. Pois é meus filhos. Foi o que aconteceu. Em 2012, a vontade de encontrar os alunos que esse ano fizeram 1º B, vai ficar apenas no campo da imaginação. Ver os segundos como terceiros não vai ser possível. A princípio não escrevo isso como um desabafo. Não carrego mágoa de nada nem de ninguém. Só tenho o que agradecer. Sabe quando você é um menino de frente a um enorme edifício e se sente insignificante? Foi assim quando me senti ao entrar no Patrícia Costa e não só lá. Em outros lugares também foi assim. Mas o menino foi crescendo. Deixou de achar o edifício tão grande assim e depois achou aquilo tudo pequeno demais para ele. Não estou, nem tenho pretensão de desqualificar algum professor nem pessoa que faz parte da estrutura da escola. Pelo contrário. Isso foi até reconhecido por Marcelo Costa ao me comunicar meu desligamento. Nem guardo mágoa dele. Confesso viu Marcelo, que costumava lhe chamar como O Galego, brincadeira ... mas depois você não vai poder me demitir de novo kkk) Desejo crescimento e sucesso para você. Eu devia ter te dito mais coisa pela manhã, mas na hora fiquei mais ou menos surpreso e não consegui raciocinar direito. Desejo tudo de bom. O Patrícia Costa me ensinou muita coisa e sou muito grato, sei também que não devo nada. Estamos quites. Agradeço a cada pessoa que conheci. Como não poderia deixar de ser, começo por você Tio Ted. Sem você nada disso seria possível. Lembro como se fosse hoje quando você me disse que era mais amigo de outras pessoas que estudavam com a gente, mas você preferiria indicar uma pessoa competente. Muito obrigado meu filho. Te desejo tudo de melhor. Fiz amizades que levarei para sempre na lembrança como meu amigo-companheiro Caio Bispo, Eusébio Simões, Raphael Lucas, Matias, Paulo Marcelo, Rubem, Robson, Mauro de Geografia, Kátia, Bruno Prado, o pai, Emmanuel, Paulo Lins, Luciana, Josalba, Bruna, Fontinelli, Levoênio, Sérgio Ribeiro, Patrícia, Ilka, Carla, Messias, Felipe, meu amigo João e uma outra porrada de amigos que me desculpem se não coloquei o seu nome. Foram muitas pessoas que trabalharam comigo de 2008 para cá. Se esqueci de alguém se sinta também homenageado(a). Gostaria de agradecer em especial ao coordenador e amigo que ganhei Rodrigo, confesso que muitas vezes foi por você que fiz algo. Nem pensava na escola, apenas em você. Pela pessoa fantástica que você é. A Ane, que vou sentir muita falta. Sua serenidade e simplicidade fazem de você uma pessoa muito especial. Dê um cheiro em Pedrinho. Pietro meu filho. Você deveria ganhar o maior salário do Patrícia Costa. E Roberta. Eu adoro você Roberta. Muito obrigado por ter tido a honra de trabalhar com você. Eu não conseguiria descrever toda a admiração que sinto por você. O Patrícia Costa me deu muitas amizades. Até meu grande amor, tive a oportunidade de conhecer lá. Aos alunos deixo a imagem de uma pessoa apaixonada pela vida e pela profissão. Procurem sempre transgredir. Hoje estou saindo do colégio pela transgressão. Mas cair de pé dá um prazer medonho. Eu sempre disse uma frase para quem saía: “Hoje a gente cai, amanhã estaremos de pé novamente”. E me sinto ereto. Meu maior respaldo são vocês queridos alunos. Foram para vocês que procurei levar um pouco de alegria nesse mundo onde a mediocridade é moda. Peço para que nunca esqueçam esse tio ou pai ou professor Carlos. Valeu a pena? Tudo vale a pena, se a alma não é pequena. Já diria Pessoa. Eu não seria o professor Carlos, não teria um tio chamado Lunga, um primo chamado Cotoco. Valeu por tudo. Espero que a vontade de viver que eu ensinei seja fundamental nessa vida que vocês irão seguir. Agora são vocês. Tenham cuidado nessa vida doida. Toda sorte aos terceiros de 2012. E vou sentir uma falta enorme de vocês do 1º A. Juízo meus filhos. Acordem para a vida. Me desculpem por algo. Eu fico aqui. Na torcida para que o sucesso de vocês bata na minha porta e me encha de orgulho por ter feito parte dessa história.


Carlos Ribeiro                                                                                                                                                

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A incrível tarefa de ser professor num mundo medíocre


            A verdadeira intenção de criar esse espaço foi de poder dizer aos meus alunos-amigos um muito obrigado por terem entrado na minha vida. Desde que coloquei no ar e o divulguei, tive o retorno esperado. Os que tiveram o contato com esse espaço me parabenizam pela iniciativa e dizem que se emocionaram muito ao ler o que esse professor aqui escreveu. O único texto desse blog, até então, tinha sido postado ainda no ano anterior (31/12/2010). Me veio o recesso de janeiro, algo muito esperado, já que são nesses espaços que recarrego as baterias para mais um início de trabalho. A grande questão é que o meu descanso foi tão proveitoso que me deixou muito preguiçoso. Também pudera, o local escolhido para recarregar as baterias fora a Bahia ou (Bahêa!), como o povo simpaticíssimo de lá fala. Ô terrinha maravilhosa! Eu, minha chavinha, meu irmão e minha sócia tivemos uma viagem digna de Diários de Motocicleta, a grande diferença foi que ao invés da La Poderosa, tínhamos o famoso carro que diz quando vai chover: O Celta Preto (o céu tá preto) – infame piadinha. Bom, fim do recesso, início do corre-corre, palestras, capacitações, planejamento, análises de alunos, aulas (ufa!), e o que era preguiça transformou-se em falta de tempo. Andei flertando com o world algumas vezes, quis jogar a culpa na falta de inspiração, decidi escrever quando passassem os problemas, que fiz questão de inventar e quando me deparei, chegamos em fevereiro. Comecei a me cobrar de atualizar esse espaço. Digamos que os problemas foram resolvidos, o tempo deu para ser administrado, a inspiração veio, sobretudo quando você está apaixonado, quando você está bem consigo e, principalmente, quando o seu time de coração, o glorioso santinha, está muito bem. É campeão!!! (Santinha). Daí, não tinha mais desculpas.

Mesmo com todos esses ventos soprando a favor, gostaria de ressaltar a maior inspiração para criar esse texto: Meus alunos. Desde que o ano começou fui agraciado por novos alunos-amigos. Lá no Anita Garibaldi tive contato com novos alunos tanto no 2º Ano, quanto no 3º. Mais uma vez, a sensação de que vai ser um grande ano. Mesmo com algumas puxadas de orelhas que as turmas estão precisando, e que já passei a dar. Vocês têm um potencial absurdo meu povo, bora acordar. No Patrícia Costa, fui recompensado por vários tantos outros alunos, em especial, o famoso 6º Ano D. Essa turma foi muito especial para mim e prometo que dedicarei um texto nesse blog exclusivo para eles. As outras gratas surpresas vieram dos 3º Anos. Tive contato com novos alunos que colocaram pilha nos já veteranos. Nos 7º Anos pude conhecer crianças maravilhosas tanto no B quanto no C. Nos 8º Anos, a mesma alegria de sempre e o retorno para trabalhar com o 8º A. Nos 9º Anos, pessoas que me emocionaram muito ao explicar a minha complicada situação desde que fui chamado pela Prefeitura de Jaboatão. Não irei prosseguir com este assunto, pois o objetivo desse texto é outro. E prometo me deter a um outro texto sobre esse sentimento. Com o 1º A, estamos de vento em polpa. As nossas últimas aulas foram de uma profunda interação. Isso mesmo Pedro dizendo que eu sou aproveitador, quando pedi para Victor dar aula sobre Islamismo (rsrs). Os 2º Anos são um mix de competência e perturbação. E sei que essas turmas podem ir longe.

Talvez vocês não consigam entender o título e enquadrar com o texto. É o seguinte. Fiz questão de tocar em cada ponto dos meus alunos e até lembrar de outros ex-alunos que sempre me emocionam com seus comentários nas redes sociais. Pois digo a todos vocês: Vocês são os meus verdadeiros salários. A recompensa que ganho no olhar encantado de vocês me faz não parar de procurar o mundo melhor, mesmo sabendo que esse, não terá jeito. A crença que sinto de vocês é de uma responsabilidade tão grande que isso me deixa com medo de dar o próximo passo, pois estarei sendo observado. E isso não é ruim, pelo contrário, isso me dá força. Nas últimas semanas fui deixando alguns de vocês preparados para o que poderia acontecer se caso a categoria dos professores votassem pela greve. Essa situação é muito complicada. Confesso que as vezes fico até torcendo para que essa não seja deflagrada, mas se for, vocês sabem aonde estarei. Como é que falarei sobre qualquer conteúdo histórico, sobre as rebeliões, as insatisfações do povo, se na chance em que a minha categoria necessita eu me faço de rogado e inferiorizo o discurso? Me perdoem mas não conseguiria. Se eu fizesse isso, nunca mais seria professor de história. Eu sei que atrapalho vocês. Mas juro que farei de tudo para repor o que deixei faltar.

Hoje, 09 de Junho de 2011, foi o primeiro dia depois da greve deflagrada. A adesão, ao menos para mim, não foi a esperada. Tive apoio de alguns alunos que me mandaram mensagens pelo celular, me dando força e foi por isso que resolvi escrever. O apoio veio de quem sempre soube que estarei comigo, já de muitos amigos professores, o retorno foi insignificante. O curioso é que eu nunca falto trabalho, todos vocês sabem, mesmo muito cansado, que é a minha recente rotina, não me esquivo de trabalho. Vou para o trabalho com todo o prazer. Mesmo achando algumas coisas erradas. Mas, dificilmente fico resmungando. Bem diferente de uma porrada de professores que só fazem reclamar. Aí eu pergunto ... e onde esses professores ficaram no dia de hoje? Não vou nem perder meu tempo respondendo. Hoje, me acordei às 05:30. Às 06:30 já estava no sindicato, pegando carona para ir para uma das escolas de um dos diretores do sindicato dos patrões. E no caminho comecei a entender a minha realidade. Eu ali era o único que ganhava o piso salarial. A maioria deles ganhava até dez vezes mais do que eu. Mesmo assim eles estavam comprando a briga de todos os professores. Não só visando o seu bolso. E isso me deixou confuso. Por que os professores não estão todos aqui? Ser demitido? Você precisa? E eu e todos esses bravos professores? Nós não precisamos? Amanhã, se perdermos, perderão apenas eu e os professores que foram para luta. Mas se ganharmos, todos vocês serão os beneficiados. Gostaria de finalizar esse texto rememorando a frase de um companheiro que ao ser demitido em 2009, em outra greve, proferiu a seguinte frase: “Eu fui demitido mas nós conseguimos”. Essa frase foi de meu amigo Caio Bispo. Caiu de pé. Não lambeu as botas de ninguém. E deixo o seguinte pensamento. Se cair, me levantarei logo, pois tenho o respaldo de meus verdadeiros salários. Os meus queridos alunos. Eu não irei precisar baixar a cabeça para eles, deixando claro que fraquejei. Olharei cada um nos olhos e direi: eu lutei, como espero que vocês façam quando sua hora de combater as injustiças chegar.

                                                                                          Carlos Ribeiro